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Chegada em Nova Roma do Sul

   

Vindos do Galpão do Imigrante de Caxias do Sul, via Flores da Cunha, atravessaram a balsa com a mudança no lombo do cavalo. À frente ia Oliva Deon Pasuch, mulher disposta e de bom físico. O desbravamento foi uma epopéia. A velha italiana sabia fiar e logo plantou linho para fazer roupas para as crianças. Plantou milho que veio muito viçoso, improvisou um tosco pilão, aonde os velhos italianos iam com um pouco de milho fazer farinha para que a panela fumegasse. Não tinha leite. Um belo dia Angelo Pasuch, chegou em casa com uma cabra. Durante a noite veio a onça e levou-a. Ouviu um barulho e a velha Oliva Deon correu atrás com a foice e não conseguiu tirar a cabra que fornecia o leite para as crianças.

       Contava a velha Oliva que nos primeiros dias a caça era abundante e foi matando uns jacutingas (pássaro grande preto). Poucos dias após, mataram mais alguns pássaros pretos, com os quais tentaram fazer um brodo (caldo). Cozinharam os pássaros durante três dias no fogo brando, porém não deu para comer a carne, porque não eram jacutingas, e sim, corvos.

        As madeiras eram rachadas a mão, as ferramentas, como dobradiças e trincos, eram fornecidas gratuitamente pela comissão de terras. A documentação de 21 de julho de 1891, de Alfredo Chaves, informa que seguiram para Antônio Prado 400 pacotes de pregos, 50 fechaduras, 150 pares de dobradiças, 25 facões, 18 serrotes e 36 machados.

         Fala a senhora Ana Paula Pasuch Petroski, uma senhora viúva com 85 anos de idade (é a Pasuch mais velha) que tia Oliva Deon Pasuch tratava muito bem as crianças e quando a visitavam nunca deixava de ganhar um grande bolo de açúcar.

         Conforme pesquisa realizada, as famílias que vieram para Nova Roma do Sul junto com os Pasuch foram: Carlin, Pasa, Dalla Costa, Fioravanzo, Vanin, Caon, Busato, Pozzer, Montagnini, Ambrós, Trevisan, Cadoná, pagnocelli, De Marchi, Rossi, Scarsi, Antonietti, Casanova, Candaten, Dariva, Signori, Trombetta, Saorin, Conteli, Polentes, Cavalli, Bortoloso, Deon, Poloni, Naedin, Ferri, Durante, Trentinaglia, De Picolli, Donadel, Toscana, Paiazzon, Zatti, Largo, Prigol, Fornera, Dalla Vale, Dal Cortille, Vitali, Zigni, Levis, Burat, Cadore, Albani, Fabris, Bonalli, Vanz, Oneta, Zando e Sair.

          Chegando aos Campos dos Bugres (hoje Caxias do Sul), logo encontraram a filha e a irmã Angela Pasuch Michelon. A qual muito insistiu para que todos ficassem residindo na casa ou nas mediações da família Michelon. Mas como tinham ouvido falar muito bem das terras do Paese Novo (hoje Antônio Prado), para lá quiseram ir.

        Nos Campos dos Bugres todos ficaram no Barracão dos Imigrantes, onde recebiam comida. Vieram para Nova Roma via Nova Trento (hoje Flores da Cunha) e Nova Pádua, o senhor Angelo Pasuch e sua esposa Oliva Deon Pasuch para fazer a comida nas novas terras como dizia o senhor Luiz Pasuch. Em Caxias do Sul, ficaram todas as crianças e a esposa de Luiz Pasuch, o Filho Antonio Pasuch e sua esposa Rosa Dolche Pasuch, para estes o Campo dos Bugres foi desastroso. Ali existia o tifo, a rubéola preta, gripe e ou a influência como diziam. Eles estavam bastante debilitados pela viagem e durante o período em que ficaram nos Campos dos Bugres morreram o marido de Rosa Dolche Pasuch, o senhor Antonio Pasuch e todos os seus filhos. Assim, ficou viúva e sem nenhum filho. Também morreram nesta época todos os filhos e a esposa do senhor Luiz Pasuch, que ficou viúvo sem nenhum filho.

         Os trabalhos de derrubada e localização dos terrenos foram fáceis e rápidos. Chegando a Nova Roma do Sul, acertaram com o fiscal da Comissão de Terras a compra de 4 lotes rurais na Linha Paranaguá, os de número 43, 45, 47 e 49. Porém, inicialmente todos ficaram residindo no lote 45, onde construíram uma casinha que serviu inicialmente de cozinha e casa pra dormir.

         Pelo ano de 1897, o irmão Angelo Pasuch e Oliva Deon Pasuch construíram a sua casa no lote 47. A primeira casa que foi construída no lote 45, pegou fogo num dia em que só se encontrava em casa a velha Tereza Rold Pasuch, porque o resto tinha ido trabalhar na propriedade da família Trintinaglia.

         O pai de todos, o velho Antônio Pasuch, morreu durante a viagem de ida para Nova Roma e foi enterrado na localidade de Travessão Alfredo de Flores da Cunha. Morreu devido a muita febre. Não queria morrer sem antes ver a nova terra, mal conseguiu ver os montes do outro lado do Rio das Antas e faleceu. A sua esposa faleceu posteriormente em Nova Roma do Sul no ano de 1904. Desse modo, só chegaram à Nova Roma do Sul, a mãe dos Pasuch, Tereza Rold Pasuch, viúva, Rosa Dolche Pasuch, também viúva e sem filhos, Luiz Pasuch viúvo e sem filhos, Angelo Pasuch, o mais velho, sua esposa Oliva Deon Pasuch com os seus filhos, Antonio e Amabile.

        A viúva de Antonio Pasuch, a senhora Rosa Dolche Pasuch, como morreram os filhos e o marido, tinha direito de voltar para a Itália, além de ser filha de uma família de boas condições financeiras. Ela veio para o Brasil sem nenhum parente. Quando falou para a sua velha sogra, a senhora Tereza Rold Pasuch, que iria voltar para a Itália, ela respondeu: “antes de tu voltares para a Itália, por favor, enterre-me viva”. E pediu que ficasse com ela aqui no Brasil, pois não tinha mais condições de voltar. Logo depois, Rosa casou-se com o viúvo Luiz Pasuch, (4 filhos vieram para o Brasil: 3 homens e uma irmã que veio antes, e uma ficou na Itália casada).

         Neste meio tempo, Luiz Pasuch, que era o irmão mais novo de Antonio Pasuch, escreveu uma carta para a Itália pedindo a seus dois primos, Domenico Olivo Pasuch e Giuseppe Pasuch que também viessem ao Brasil. Chegaram à Nova Roma do Sul no ano de 1896. Olivo foi morar no lote número 49, cedido pelo primo Angelo Pasuch e o Giuseppe foi morar no lote número 43, cedido gentilmente pelo primo Luiz Pasuch.

           Quando chegaram à Nova Roma, ocuparam as terras das encostas dos rios. Cada colônia na beira do rio tinha de 2 a 3 famílias, a maioria de origem polonesa, Sueca e Russa. Nas planícies quase não havia ninguém. Ao verificar a lista dos imigrantes que ocuparam as terras via Antônio Prado, existe o seguinte registro: Galiotto Romano, 26 anos, de Vicenza 1889 – Linha Carlos Leopoldo – Nova Roma – Trintinaglia Carlos, 24 anos, solteiro, de Treviso 1890 – Linha Carlos Leopoldo. Salomon Emílio, 21 anos, solteiro, da região Emília 1885 – Linha Carlos Leopoldo. São alguns dos imigrantes italianos encontrados na lista do Barracão do Imigrante de Antônio Prado, na qual não consta nada dos Pasuch e outros que vieram por Caxias do Sul. Há outros documentos como os seguintes memorandos, pequenas cartas e ordens pesquisadas nos arquivos das comissões de terras e colonização. Em 26 de janeiro de 1893, recomenda-se ao fiscal Vicente Monteggia que não pode dar serviço por mais de dez dias em cada mês aos chefes de cada família com uma diária de 1$500.

          Os que trabalhavam na estrada comiam mal e se queixavam da comida que consistia em polenta e açúcar. Ao meio-dia tinha toucinho assado no fogo. Em 20 de maio de 1891, de Alfredo Chaves, o Dr. Montaury informava que os imigrantes suecos de Antônio Prado e Castro Alves se tranferiram par a Colônia de Lucena no Alto Uruguai. E, em 18 de outubro de 1891, comunica-se que José Marchi vendeu o lote número 27 da Linha 10 de Julho para André Bellini. Ainda, em 20 de fevereiro de 1892, o comerciante Antonio Sfoglia da Linha Castro Alves, solicita pagamento de 300$000 por gêneros fornecidos por ordem do fiscal José Harmenski. Por último, em 18 de março de 1892, comunica-se a retirada de imigrantes poloneses da Linha Castro Alves. Nessa época, o fiscal de terras em 1891 e 1892 era Mateus Romann e o auxiliar de escrita era Vitor Bersani.

            As terras compradas pelos Pasuch, todas foram pagas com trabalho na Estrada Júlio de Castilhos e que ia a Alfredo Chaves (hoje Veranópolis). Sempre trabalharam de Nova Roma a Antônio Prado.

         Instalação as moradias, todos se preocuparam em ter uma profissão. Por exemplo, Carlos Pasuch e seu irmão Angelo, com suas ferramentas simples, como o arrastão, preparavam as pedras para fazer as taipas, nas quais trabalhavam nas entressafras. Construíam em média 5000 metros de taipa por safra. Este serviço rendia quase o dobro de seu irmão Luiz que era Carpinteiro.

           Devido à compra de mais um lote rural da família Ciota, onde existiam muitas árvores de cedro, resolveram improvisar uma serraria manual na propriedade. Juntamente com o carpinteiro Triches, serraram quase toda a madeira para os bancos da Igreja Matriz de Nova Roma. Estes foram feitos pelo carpinteiro João Torchetto que morava na Linha Carlos Leopoldo.

        Os descendentes da família Pasuch, hoje têm profissionais de várias áreas: jornalistas, industriais, contabilistas, ferreiros, comerciantes, agricultores, políticos, transportadores, avicultores, religiosos e muitas outras profissões.

         Os mesmos estão espalhados pelos diversos estados do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Amapá e Ilha do Marajó. A maioria deles se encontra no Estado do Rio Grande do Sul. Também existem os que residem em outros países e continentes: Paraguai, Itália, Áustria e Norte da África.

       Depois de mais de 80 anos de silêncio e cem anos da vinda da Família Pasuch ao Brasil, começamos um contato por correspondência, iniciativa do senhor Agostinho Pasuch, no dia 24 de junho de 1991, com diversos Pasuch da Itália. Por ocasião do Centenário da saída da Família Pasuch da Itália, estes foram visitados por um descendente da Família Pasuch no Brasil, Irmã Gema Pasuch, que visitou mais de 15 famílias.

       Foi solicitada uma pesquisa para saber a origem da Família Pasuch, mas até a presente data, não se obteve resposta. Sabe-se que são originários da Áustria, apesar de toda a região de Belluno e Sedico, ficar muito tempo sob o Império da Áustria.

         O território de Sedico é um triangulo cercado por dois rios, formando o Rio Piava que desemboca em Veneza. Ao sul, passa uma estrada vertical de 20 km que vai a Feltre, ao norte, se vai a Belluno por uma estrada de 11 km, onde anteriormente pertencia ao Município de Sedico, ao leste se vai à cidade do Mel por 16 km.

 

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