Os imigrantes italianos que vieram para o Brasil já não estão mais entre nós, porém a influência destes destemidos italianos está presente em seus descendentes e na composição da cultura brasileira. Além disso, eles foram protagonistas de muitas das transformações do seu tempo, como por exemplo, a abolição da escravatura, a expansão da agricultura, a consolidação das exportações do café e a industrialização do país. Estima-se que de 1870 a 1970, aproximadamente 28 milhões de italianos deixaram a Itália e se espalharam pelo mundo. Hoje cerca de 5 milhões de italianos nascidos na Itália vivem em outros países. Somando os italianos nascidos na Itália e os descendentes de italianos, vivem distribuídos pelo mundo 60 milhões de pessoas com origem italiana, o que equivale à população total da Itália em 2010. Desse total, 45 milhões de descendentes vivem no Brasil, Argentina e Estados Unidos. Os dois períodos de grandes fluxos emigratórios aconteceram entre os anos de 1875-1915, e após a I Guerra Mundial, nos anos de 1920-1929. Conforme dados do livro Do outro lado do Atlântico de Angelo Trento, entre 1880 e 1924, emigraram 5.000.000 de italianos para os Estados Unidos, 2.400.000 para a Argentina e 1.368.000 para o Brasil. Os emigrantes italianos também foram para o Uruguai, onde em 1976 os descendentes eram 1,3 milhões, o que equivale a 40% da população atual desse país. Antes de 1860 a região do Vêneto, de onde imigrou a família Pasuch, era parte do império austríaco e somente em 1866 o Vêneto foi anexado à Itália. Nessa região também fica a cidade de Sedico, de onde vieram os Pasuch para a cidade de Antônio Prado, no Rio Grande do Sul. A imigração da família Pasuch para o Brasil em 1991 foi motivada pela falta de terras férteis, pois as melhores terras do município de Sedico, que podiam ser cultivadas com trigo, milho e videiras, estavam em poder da nobreza. Também não existiam muitas indústrias para empregar a mão de obra da população que crescia rapidamente, somente algumas minas e serrarias. Entre 1810 e 1926, cerca de 1.500.000 italianos imigraram para o Brasil, vindos principalmente do Vêneto. A maioria foi para o Estado de São Paulo, cerca de 70% do total. Os outros 30% se instalaram no restante do território brasileiro. Depois de São Paulo, o Rio Grande foi o Estado que mais recebeu imigrantes italianos, vindos principalmente do Vêneto. Os estados do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, entre 1875 e 1887, eram os principais destinos dos italianos no Brasil. De 1875, ano oficial da grande imigração italiana para o Brasil, até 1914, aproximadamente 100 mil imigrantes italianos se estabeleceram no Rio Grande do Sul, principalmente no nordeste do Estado, em nove colônias italianas: Dona Isabel (Bento Gonçalves), Conde d’Eu (Garibaldi), Caxias do Sul, Nova Trento, Nova Vicenza, São Marcos, Alfredo Chaves, Antônio Prado e Encantado. O que representou 45% dos imigrantes europeus que chegaram ao Estado nestes anos. A maioria dos imigrantes italianos que se instalaram no Rio Grande do Sul era de origem vêneta. Uma das motivações dos imigrantes vênetos para vir ao Sul do Brasil era adquirir sua própria terra para reproduzir as condições de vida que tinham na Itália. Vinham com toda a família, nonos, pais, netos, tios e sobrinhos. O clima também favorecia, pois o Sul do Brasil é frio como o norte da Itália de onde vieram os imigrantes, com temperaturas mínimas de até 10 graus Celsius negativos no inverno. Conforme dados estimados pela embaixada da Itália, hoje vivem no Brasil aproximadamente 28 milhões de descendentes de italianos e 114 mil nascidos na Itália. Por isso, o Brasil tem a maior comunidade de oriundi do mundo, ou seja, de descendentes de italianos. Além disso, 300 mil descendentes de italiano, que vivem no Brasil, têm também a cidadania italiana. No Sul do Brasil vivem 9 milhões de descendentes de italianos e 63 mil nascidos na Itália. No Estado do Rio Grande do Sul atualmente vivem 5 milhões de descendentes e 36 mil italianos, oriundos em sua maioria da região do Vêneto, Província de Belluno, norte da Itália. No Paraná e Santa Catarina vivem 4 milhões de descendentes e 27 mil nascidos na Itália. No final do século XIX cerca de 60% das pessoas que imigraram para o Brasil eram italianos. Dos italianos que imigraram para fora da Itália 35% vinham para o Brasil. Segundo as estatísticas italianas, entre 1836 e 1960, 1.443.619 italianos imigraram para o Brasil, já segundo as estatísticas brasileiras, foram 1.662.647. Quando os italianos provenientes do Vêneto começaram a chegar ao Rio Grande do Sul em 1875, principalmente na região nordeste do Estado, os planaltos já estavam sendo ocupados pelos alemães desde 1824 com a fundação da cidade de São Leopoldo. Por isso, os italianos que foram morar no campo tiveram que se instalar nas montanhas da região chamada à época de Campo dos Bugres, hoje Caxias do Sul. O nome da cidade de Caxias do Sul, segundo alguns, provém do termo cascina, que quer dizer casa colonial. Nas colônias italianas os lotes eram vendidos ou cedidos pelo governo para serem pagos em troca de trabalho em obras públicas, como na construção de estradas e pontes. Nos primeiros anos da chegada os imigrantes não tinham nenhuma infraestrutura, no máximo um barracão de madeira e a mata toda por derrubar. Nos Estados do Sul os italianos se instalaram em pequenas propriedades que foram compradas e pagas com muito trabalho e esforço. Cada família recebia entre 25 e 60 hectares, os quais deviam começar a ser pagos a partir do segundo ano, ou seja, após a primeira colheita. Os imigrantes recebiam do governo ferramentas para desmatar o terreno e construir uma casa. Também durante o primeiro ano cada imigrante tinha o direito de ser empregado três vezes por semana como assalariado em obras públicas, geralmente em construção de estradas e pontes, para garantir a sobrevivência do imigrante italiano até a primeira colheita. Por volta de 1920, no Sul do Brasil, já existiam 18 mil propriedades de italianos e seus descendentes, os quais possuíam uma área de aproximadamente 1 milhão de hectares. Devido ao isolamento, os imigrantes italianos e seus descendentes, reproduziram as condições de vida que tinham na Itália, com sua produção de uva, milho, trigo. Nas horas vagas realizavam os Filós, que eram momentos em que as famílias se reuniam em uma cozinha a parte da casa para contar histórias, cantar, dançar, tomar vinho, comer salame, queijo e polenta. A língua usada era o Talian, uma variação do dialeto vêneto usado no Rio Grande do Sul até aos dias de hoje. Caxias do Sul foi o centro da imigração italiana no Estado do Rio Grande do Sul. Em 1898, a cidade tinha 25 mil habitantes, sendo que dos quais 23 mil eram italianos. A maioria dos colonos italianos do Rio Grande do Sul, cerca de 95% do total de imigrantes, continuou a viver no campo até a II Guerra Mundial. A imigração em massa iniciada em 1875 terminou entre 1891 e 1892, período de maior imigração de italianos para o Brasil devido aos subsídios do governo brasileiro cedidos as grandes companhias de imigração. Conforme estimativa do Ministério das Relações Exteriores da Itália, dados de 2001, o Rio Grande do Sul tem 2.240.000 descendentes de Italianos, o que representa 22% da população. Santa Catarina tem 3.200.000, o que representa 60% da população e o Paraná tem 3.740.000, que representa 39% da população. Já São Paulo tem a maior população de descendentes de italianos: 11.090.000, número que representa 30% da população do Estado. Só a capital de São Paulo tem 6 milhões de descendentes, concentrados em bairros como Mooca, Brás, Barra Funda e Bexiga. Por isso, São Paulo é a maior comunidade de descendentes de italianos do Brasil.
Giovane Pazuch
Referência bibliográfica
BARBOSA, Fidélis Dalcin. Antônio Prado e sua história. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1980. 288 p. BATTISTELA, Vitor. Painéis do passado: história de Frederico Westphalen em sessenta quadros de literatura amena. Frederico Westphalen: Gráfica Marin Ltda, 1969. 246 p. BERTONHA, João Fábio. A imigração italiana no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2004. 64 p. FURLAN, Oswaldo Antônio. Brava e buona gente, cem anos pelo Brasil. Florianópolis: Editora do autor, 1997. 486 p. COSTA, Rovílio. Povoadores de Antônio Prado. Edições EST: Porto Alegre, 2007. 1104 p. TRENTO, Angelo. Do outro lado do Atlântico. Trad. Mariarosária Fabris e Eduardo Brandão. São Paulo: Nobel: Instituto Italiano di Cultura di San Paolo: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, 1988. 574 p.
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