Oswaldo Cruz consta entre as comunidades mais antigas, intimamente ligadas à nossa colonização. Remonta ao mês de maio de 1919 a chegada dos primeiros pioneiros: Domingos Trezzi, Joaquim e Daniel Ortigara, de Nova Roma; Arthur Milani e João Garrafa, de Bento Gonçalves; seguidos, em 1920, de Domingos Cadoná e João Tamanini; em 1921 de Pedro Trezzi, Santo Pazuch, Jacó Bortolotti e João Meneguzzi, todos de Nova Roma; Tomaz Girardi, de Ijuí e Ângelo Dallanora, de Palmeira. Em 1922, também de Nova Roma, chegaram Agostinho Trezzi e Giácomo Tamanini, e, sucessivamente, tempos depois, de várias procedências, José Pazuch, Henrique Canzi, Alberto Bonadiman, José Fortunato, Eugênio Natali, José Trentinaglia, Sétimo Peruzzato, Luiz Turchetto, João Bonadiman, Romano Zanatta e outros. A 18 de maio de 1921, no recinto do cemitério, recém construído, foi rezada a primeira missa pelo Padre Manoel Roda, de Palmeira; a segunda a 2 de outubro de 1923, pelo Padre Manoel Gonzales, do Nonoai, e a terceira a 10 de junho de 1924 pelo palotino Padre Izidoro Kepler, de Passo Fundo, ambas em casa de Agostinho Trezzi, onde também funcionou, durante os primeiros anos, até 1925, aula particular com a professora Dosolina Zatti Balestrin, que em 1926 passou a lecionar na primeira pequena escola, ao lado da capela, reconstruída em 1946 ampliada (6x9 mts.) e melhorada. Sendo a vida religiosa a preocupação mais sentida nas comunidades cristãs em formação, os pioneiros, como alhures, trataram logo de construir sua igrejinha. Mas como fazer, se não havia engenhos de serra? As madeiras foram serradas a poder de braços, em estaleiros, e aplainadas à mão, com infinita paciência. Os trabalhos, iniciados em 1922, sofreram os contra-tempos da revolução, e a capela só pode ser concluída em julho de 1924. Agostinho Trezzi, João Ortigara e Artur Milani foram os primeiros fabriqueiros, eleitos para gerir os interesses da comunidade e incumbidos da construção. Esta primeira capela, levantada no mesmo lugar da atual, foi remodelada e ampliada em 1942, sendo que da pintura encarreguei o hábil russo-ucraniano Miguel Janseruck, que já havia realizado bons trabalhos aqui em Barril. Finalmente, em princípios de 1951, foi iniciada a atual capela, primeira na paróquia a ser construída de alvenaria e concluída em tempo record em fins de 1952, graças à operosidade do acatado líder Waldemar Barros, coadjuvado pelo fabriqueiro Pedro Trezzi, seus auxiliares e a boa vontade do povo. Na vida civil exerceram a função de inspetores seccionais, sucessivamente, Agostinho Trezzi, que teve decisiva atuação na fundação e condução da Liga Colonial contra os desmandos da revolução de 1923; Geraldino Grama, João Tamanini, João Bonadiman e Arthur Milani, enquanto Giácomo Tamanini é credor de especial menção como hábil abridor de estradas, sendo dele importantes trechos da rodovia Oswaldo Cruz – Porto Novo e Oswaldo Cruz – Boca da Picada. O antigo nome “Vila Mussolini” foi sugerido por Agostinho Trezzi e logo acolhido pela comunidade, em 1928, como homenagem ao “Duce” que, então, se encontrava no auge de sua fama, admirado por todo o mundo. Em conseqüência da Guerra do Brasil contra as potências do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, razões de ordem política aconselharam substituir aquele nome pelo do célebre médico Oswaldo Cruz. A rede de força e luz foi instalada em 1953 com a inteligente intervenção de José Barros e a cooperação do povo. Em 1955 obtiveram a criação do antigo Grupo Escolar, que em 1962 foi substituído pelo atual, de alvenaria, amplo e moderno, graças à verba federal de dois milhões de cruzeiros, enviada pelo deputado Tarso Dutra, por solicitação do emérito prefeito Arisoly Martelet e de seu dedicado secretário Dr. Leonel Flores da Rosa. Na direção do Grupo Escolar sucederam-se Gladis Barros, Neuza Dalmolin e José Bordignon. Portaria do Governo Diocesano, de 8 de julho de 1941, com fundamento na necessidade de prestar auxílio às obras da paróquia de Seberi, determinou a transferência da capela, em caráter temporário, àquela paróquia. Com a recente criação da nova paróquia de Taquaruçu passou a fazer-lhe parte. Mas, tais vicissitudes produziram certo afrouxamento na disciplina do povo, especialmente da mocidade, a par de sensível desinteresse religioso. As antigas famílias, todavia, mantiveram-se fiéis à tradição de fervor e de fidelidade a Deus e à Igreja. Enquanto vivos Agostinho Trezzi e Waldemar Barros exerceram notável influência, imprimindo coesão à conduta do povo. Seu desaparecimento provocou notável vazio. Oswaldo Cruz, pela sua posição geográfica, como porta do município, deveria ser cartão de recomendação para Frederico Westphalen. A falta de líderes autênticos produziu uma calmaria nociva aos interesses do desenvolvimento. Mesmo assim é uma comunidade que ainda se impõe pela sua fé e pelo seu amor ao trabalho. Apresenta-se como setor de excelente agricultura. Possui ótimas estradas, linha telefônica e grandes facilidades de transporte e comunicações.
"Nossos painéis do passado buscam preservar do esquecimento as antiguidades dignas de ser lembradas e que, por falta de registro e divulgação, não encontraram vez de passar à história."
BATTISTELLA, Vitor. Painéis
do Passado: a história de Frederico Westphalen. Frederico Westphalen:
Gráfica Marin, 1969. p. 221-223. |
Estudos >