Breve relato da trajetória de vida de Giuseppe Pasuch e sua descendência
“.... di um mondo sempre più lontano.”
“A memória dos povos não pode ser privada de uma parte de sua história porque qualquer fato - positivo ou negativo, bonito ou feio, pequeno ou grande - contribui para criar aquela trama que dos povos constituem as características, a essência”.
Para registrar a memória de Giuseppe Pasuch na História da Imigração Italiana no Brasil, eu Armando Cesar Pasuch, seu neto, nascido em Frederico Westphalen, RS, em 28 de dezembro de 1959, casado com Donatella Castagnotto e pai de Giuliano e Lucas, escrevo esta breve biografia de sua vida e de seus descendentes. Giuseppe Pasuch nasceu em 12 de fevereiro de 1872 no município de Sedico, Itália, e faleceu em 12 de julho de 1945 em Osvaldo Cruz, RS. Filho de Pietro Giovanni (1825-1900), neto de Antonio (1786) e bisneto de Francesco (1760). Sua mãe, Antonia Palma (1839-1883), faleceu aos 44 anos de idade, deixando três filhos vivos: Domenico Olivo, então com 17 anos, Angela com 14 anos e Giuseppe com 11 anos. Após receberem o convite do primo Luiz Pasuch, que já estava estabelecido com sua família em Nova Roma do sul, RS. Giuseppe, então com 19 anos, juntamente com seu irmão Domenico, deixam a Itália com destino ao Brasil, A irmã Angela permaneceu na Itália com o pai Giovanni. No Brasil, cada um dos irmãos, Giuseppe e Domenico Olivo, recebeu um lote de terra cedido ou comprado do primo Luiz pasuch; aqui não se tem registro do que foi acertado na época. Também a partir deste ponto, não se tem conhecimento da convivência dos irmãos. Em 1900 Giuseppe se casa com Angela Cechinello, com quem tem três filhos homens: Pedro, Santo e Fioravante, conhecido como Dante. Permaneceram casados por 16 anos, até o falecimento de Angela em fevereiro de 1916, com apenas 36 anos de idade, em decorrência de uma gravidez mal sucedida. No mesmo ano, em setembro, com 44 anos de idade, Giuseppe se casa em segundas núpcias com Maria Turchetto com 25 anos de idade e viúva. Desta nova união tem 8 filhos, sendo que os dois primeiros, Félix e Luiz Pasuch Sobrinho, nasceram em Antônio Prado. Luiz Pasuch Sobrinho, meu pai, deve ter recebido este nome em homenagem ao primo de seu pai Giuseppe, que o convidou a vir ao Brasil. O filho mais velho de Giuseppe, Pedro, falece em 1919, em decorrência de uma cirurgia de hérnia. Também aqui, não há nenhuma história a contar sobre a transferência de Giuseppe de Nova Roma do Sul, RS, para a Linha Santo Antônio, pertencente ao Município de Taquaruçu do Sul, RS, e próxima ao distrito de Osvaldo Cruz do município de Frederico Westphalen, RS. Baseado em relato de parentes, sabe-se apenas que meu nono Giuseppe mudou-se para essa região em 1919 juntamente com outros parentes, e que meu pai, Luiz Pasuch Sobrinho, era ainda um bebe quando foi morar na comunidade Santo Antônio. Pouco ficou de registro sobre sua vida, suas dificuldades e seus hábitos. De personalidade forte, Giuseppe era de poucas palavras, o que o fazia parecer rude. Morava no interior do Município de Taquaruçu do Sul, na comunidade Santo Antônio, numa casa simples, colchão de palha, pia de madeira, luz de lampião e rádio a bateria. Meus pais, Luiz e Honorina Girardi, ao se casarem, ficaram morando um tempo na mesma casa com o nono Giuseppe, até construírem a casa deles em outra parte da mesma propriedade. Segundo minha mãe, foi um período difícil, porque as mulheres tinham que trabalhar muito. Por isso, a nona Maria Turchetto, uma pessoa de gênio bastante bravo, não se divertia muito, apenas trabalhavam. Giuseppe faleceu em casa alimentando sua criação de porcos em 1945, de uma hemorragia causada por câncer no estômago. Devido à idade avançada com que se casou pela segunda vez, Giuseppe ainda tem dois filhos vivos dessa união: Marino e Angela. Contudo, eles não têm interesse em relatar a memória do pai. Deduzo que a vida dura, o convívio restrito ao trabalho na terra e a falta de hábito em cultivar a tradição italiana, misturados aos hábitos da nova terra e seus habitantes, os fez esquecer quase que totalmente a língua taliana, a história e o modo de vida de seu pai Giuseppe. Também não há informação sobre o convívio com as demais famílias que vieram de Nova Roma do Sul. Mais uma vez, imagino que o trabalho os tenha afastado. Após o falecimento do meu nono Giuseppe, as terras que possuía foram divididas entre os filhos. Maria Turchetto, minha nona, foi morar com seu filho Félix, e meu pai Luiz, vendeu sua parte para o meio-irmão Santo Pasuch, transferindo-se para Frederico Westphalen, onde comprou um terreno, construiu uma casa de madeira e comprou uma parte em sociedade do Moinho São Nicolau, juntamente com o cunhado Antonio Panosso. Meu pai Luiz permaneceu trabalhando no moinho cuidando do funcionamento das máquinas e supervisionando a moagem do trigo, até o falecimento do cunhado, quando então assumiu a administração o filho deste. Neste momento, meu pai decidiu vender sua parte do moinho e investir seu dinheiro em caminhões para fazer o transporte de cargas para terceiros. Contudo, como nunca aprendeu a dirigir, confiou este empreendimento a dois dos seus filhos maiores, que não tiveram sucesso no negócio. Por isso, teve que vender os caminhões e voltou a construir moinhos para outras pessoas no interior do estado, até sua aposentadoria. Nesse período difícil, meu pai Luiz teve o apoio incansável de sua esposa Honorina, costureira conhecida em toda região pela confecção de camisas e calças masculinas. De temperamento sisudo, meu pai torna-se ainda mais ensimesmado. Em casa, na hora do almoço, devíamos permanecer em silêncio e não tínhamos um ambiente alegre ou de companheirismo. Muito pelo contrário, era um ambiente sério, de poucas risadas e muita rigidez. Meu pai não era carinhoso e não tinha o hábito de conversar com os filhos. Hoje, conhecendo um pouco melhor a história de meu nono Giuseppe e de minha nona Maria, imagino que meu pai tenha repetido o temperamento rude dos Pasuch com suas famílias, devido ao isolamento e ao sofrimento para sobreviver. Já aposentado, meu pai Luiz construiu uma casa nova de alvenaria, onde até hoje vive minha mãe Honorina. O que meus pais foram econômicos em carinho e sorrisos com os filhos, hoje, minha mãe pode dar e receber dos netos. Ela costuma fazer brincadeiras com eles e ouvi-los em suas conversas. Meu pai Luiz faleceu de parada cardíaca fulminante, durante a noite, enquanto dormia. Eu, Armando Cesar Pasuch, sou o penúltimo dos oito filhos de meus pais e o mais novo dos cinco filhos homens. Nasci em Frederico Westphalen, RS, aos sete meses de gestação. Ao nascer, minha mãe sempre conta que eu cabia em uma caixa de sapatos, de tão pequeno. Meus nonos paternos, Giuseppe e Maria, já eram falecidos. De toda família de meu pai, tenho lembranças ricas. De meu tio Félix, pessoa sempre alegre e carinhosa com seus 10 filhos, disposta a receber os sobrinhos da “cidade” em sua casa simples como a de meu pai e próxima de onde outrora morava meu nono Giuseppe. Diferentemente da casa de meu pai, na casa do tio Félix sempre havia muito amor e alegria devido a um casamento abençoado com sua esposa Ana, outra alma gentil e hospitaleira. Dos demais tios e tias paternos, eu tive pouco e muito cerimonioso contato. Nunca em nossa casa, ouvimos muitas histórias sobre a vida de meu nono Giuseppe, como era a vida na Itália ou em Antônio prado, das dificuldades que enfrentou ou como eram seus hábitos ou foram suas alegrias e frustrações, uma pena. Trabalhei desde cedo, entregando as costuras de minha mãe, e aos treze anos já era funcionário das Casas Pernanbucanas. Sempre corri atrás de meus objetivos. Fui funcionário da Corsan, emprego que abri mão para cursar a Faculdade de Informática em São Leopoldo, RS. Tudo isso sempre trabalhando. Depois fui para Minas Gerais, São Paulo e retornei ao Rio Grande do Sul, onde comprei uma gráfica. Casei em 1990 em Porto Alegre com Donatella Castagnotto, filha de italianos. Depois de casados, e uma breve estada em São Gabriel, RS, decidimos, minha esposa e eu, mudarmos, transferindo também minha empresa para Santa Catarina, onde nasceram meus filhos Giuliano e Lucas. Procuro estar presente na vida de minha família, de minha esposa e de meus filhos, fazendo com que a experiência com meu pai não se repita com meus filhos. A experiência de vida deles, de Giuseppe, meu nono e Luiz, meu pai, poderia ter sido mais compreendida, se tivéssemos relatos, lembranças de família, histórias para recordarmos com alegria, tristeza ou saudade. De todo modo, espero ter colaborado com o registro da história da família Pasuch e sua determinação em buscar em outras terras um futuro melhor. Abraços!
Camboriú, SC Armando Cesar Pasuch |